Não se pode determinar com precisão a data da origem das Termas de Manteigas. A primeira referência às Caldas de Manteigas, de que se tem conhecimento, é feita no “Aquilégio Medicinal”, de 1726, onde Francisco Henriques informa que a sua água é sulfúrea e tem “a virtude parar curar achaques cutâneos, e para queixas espuriais de nervos e juntas, em temperamentos quentes. Hão de tomar-se banhos em tina, visto que não têm tanque”. A Rainha D. Maria I confirmou a posse da Câmara de Manteigas sobre as Caldas em 1794, e após a lei de 1892 a Autarquia manteve-se como exploradora, sendo-lhe reconhecido o alvará de concessão em 1912.
Em 1877, num trabalho realizado pelo Dr. Costa Felix, é referido que “As Caldas de Manteigas, famosas em todo o reino, são as mais frequentadas da Beira Baixa. Concorre a ellas muita gente de terras distantes, o que tem feito prosperar bastante a povoação, que, todavia, ainda oferece más accommodações”.
Em 1881, no relatório da “Expedição Scientifica à Serra da Estrella, na secção de medicina, subsecção de hydrologia minero-medicinal”, os Drs. Leonardo Torres e Jacinto Medina, referem-se às Caldas de Manteigas, designadamente à casa de banhos, dizendo que existem “quatro banheiras, sendo uma de mármore inteiriça e as outras tres de pedra de granito mal trabalhado, situadas em uns casebres sem luz e sem ar, onde o asseio, apesar da boa vontade do banheiro ou arrematante, deve considerar-se impossível: duas nascentes correm abandonadas”.
Localização
A Estância Termal encontra-se a três quilómetros da Vila de Manteigas, na direção ao Vale Glaciar do Rio Zêzere. As Caldas de Manteigas são apoiadas por uma Unidade Hoteleira denominada “INATEl Manteigas”.
Período de Funcionamento
De 1 de Março a 30 de Novembro
Evolução da concessão
1912 – Concessão das Caldas da Fonte Santa (Manteigas), a favor da Câmara Municipal de Manteigas, com uma área reservada de 80 hectares.
1912 – A 11 de Maio a exploração é cedida à Empresa Paraizos & Cª.
1929 – Portaria de 8 de Novembro, autorizando o arrendamento a José Martins Lucas Pereira & Companhia.
1963 – A 16 de Agosto, a exploração voltas à Câmara Municipal que o cede ao Instituto de Obras Sociais (IOS). Mais tarde, por extinção deste após o 25 de Abril, passa para o Centro Regional de Segurança Social da Guarda.
1990 – Passa para o INATEL, até aos dias de hoje.
As Caldas de Manteigas estão inseridas na Região Hidrotermal de Montanha, dada a situação geográfica na maior serra e vale glaciar portugueses, as Caldas e Fonte Santa dispõem de características próprias que permitem a sua utilização a vários níveis. Captado em três furos a uma profundidade aproximada de 60 metros, o aquífero é significativamente profundo e instalado numa das maiores falhas do País que abrange Unhais da Serra, Manteigas e Vilariça. A descrição é de Pissarra Cavaleiro, docente do departamento de Engenharia Civil da Universidade da Beira Interior (UBI).
Nascida por artesianismo, ou seja, pela sua própria força, a água, que é captada à temperatura de 48 graus centígrados, “tem características excelentes para fins minero-medicinais, mas também para efeitos geotérmicos“. Uma mais-valia daquele aquífero é o facto de não necessitar de bombas submersíveis para ser captado, como a maioria das termas. “É uma qualidade excelente, porque evita consumos de energia e contacto com corpos estranhos nos furos“.
Indicações: respiratórias, reumáticas e músculo-esqueléticas
Considerada quimicamente como mineral, natural, sulfúrea, bicarbonatada, sódica e fluoretada, a água, que “nasce” à temperatura de 48 graus centígrados, é utilizada, medicinalmente, para três indicações terapêuticas: aparelho respiratório, reumáticas e musculo-esqueléticas. Várias são as salas e variados, também, os tratamentos que cada utente pode fazer, consoante a sua patologia e indicação médica.
Assim, na Sala de ORL são tratadas as patologias relacionadas com o aparelho respiratório superior: sinusites, rinites, laringites, traquites, faringites e amigdalites recidivantes. O espaço permite a realização de inalações (nasal e bocal), irrigações nasais, pulverizações e gargarejos. Na parte da pneumologia, o tratamento incide, sobretudo, na asma brônquica, bronquite crónica, enfisema e bronquiectasias. Para tal, recorre-se aos aerossóis simples, inalações bocais, irrigações, duches e fisioterapia.
A parte reumática e músculo-esquelética é, também, uma terapia muito aconselhada pelos médicos aos utentes do Balneário Termal de Manteigas. Espodilodiscartrose vertebral, artroses (mãos e pés), coxartroses, gomartroses, nevralgias e sequelas de traumatismos e de cirurgias ortopédicas são algumas das patologias que encontram tratamento na instância serrana. Banho de imersão, duche (jato, leque e escocês), banho de vapor, de Vichy e de hidromassagem são os mais utilizados para esta indicação terapêutica. Contudo, podem ser acompanhados por tratamentos complementares: massagem, ginástica vertebral, tração cervical, calor húmido, ultrassons, infravermelhos, correntes galvânicas e ondas curtas.
Mas, a gama de terapias não acaba aqui. Relacionadas com a crenoterapia, elas variam entre o aerossol termal e ultrassónico, banho de imersão, bertholec à coluna, bolha de ar, duche de agulheta, escocês, subaquático e de Vichy, hidrocolator, hidromassagem, nebulização coletiva, piscina e pulverização. No que respeita à fisioterapia e ginásio, os tratamentos incidem na eletroterapia, estufa, ginásio e massagens geral e parcial.