Sobre o passado da vila de Manteigas muito há a dizer, embora alguns pormenores, fruto de conjeturas, mereçam algumas reservas. Ainda assim, existem aspetos interessantíssimos sobre os quais nos propomos refletir.
A primeira observação incide precisamente sobre a origem do nome da vila de Manteigas, onde as opiniões se apresentam bastante divergentes. Uma das versões associa o vocábulo ao plural de manteiga, derivado do latim nattalica-nato, uma vez que em tempos remotos este local seria abundante em gado ovino fazendo-se aqui boas manteigas «era antigamente lugar muito abundante de vacas, onde se faziam boas manteigas, de que tomou o nome» (Chorografia Portugueza e Descripçam Topográfica do Famoso Reyno de Portugal, Padre António Carvalho da Costa, 1706-1712).
Sobre esta questão também é feita a associação do topónimo à palavra manteca, que significa ‘manta pequena’, teoria por vezes rejeitada se a relacionarmos com as capas dos pastores que sempre foram compridas.
Do ponto de vista toponímico, há ainda uma outra versão para a origem do nome da vila: a de que de substantivo comum manteigas tenha passado a nome de pessoa. Dona Urraca Nunes Manteiga aparece como antropónimo em 1258 ligado ao concelho de Guimarães, citada por José Pedro Machado e José Mattoso que encontrou este nome em mais de dez porções de terra no mesmo concelho, onde Dona Urraca Manteigas seria proprietária. Um antropónimo deste tipo pode muito bem ter passado a nome de lugar. A presença de diversos portadores deste nome poderá explicar o plural de manteigas. Os casos de nomes de pessoas que deram nome a povoações são numerosos por todo o lado e não é de estranhar que o sobrenome de grupo familiar que se tenha estabelecido neste lugar tivesse vindo a originar a expressão «o lugar dos manteigas»