O Senhor do Calvário que se festeja na Freguesia de Santa Maria de Manteigas, está relacionada com factos históricos que a tradição oral, de geração em geração, tem trazido até aos nossos dias. O que se conta é descrito na monografia cujo a compilação de textos é da responsabilidade de José Lucas Baptista Duarte, “Antologia: depoimentos histórico – etnográficos sobre Manteigas e Sameiro de Manteigas” e diz “que um dia, tremenda tempestade desabou sobre Manteigas – uma tempestade como ninguém jamais aqui tinha presenciado. As barrocas da Serra, de mar a mar, desciam precipitadamente as encostas abruptas, arrastando na sua voragem pedregulhos que, por sua vez, iam de encontro aos muros de proteção dos terrenos limítrofes, tudo arrastando numa fúria louca, convergindo para os Ribeiros que atravessam a vila.
Já os sinos das Igrejas tocam a rebate pondo o povo de sobreaviso e convidando-o a fugir das suas casas. Entretanto, debaixo de chuva torrencial, vai-se aglomerando nos sítios menos expostos à cheia inclemente.
Alguém se lembra de levantar o grito de que é preciso e urgente implorar a Proteção Divina, e logo vozes se levantam para que todos se dirijam à Capela do Senhor do Calvário. A vila em pesos, com a sua Câmara à frente, para ali se dirige implorando a clemência do Céu e, pela voz da Autoridade, ali se formula o voto solene de todos os anos a vila e a sua Câmara promoverem uma Festa em honra do Senhor do Calvário que, entretanto, é aclamado Padroeiro de Manteigas. A tempestade amainou, fazendo-se acompanhar de um compreensível alívio das gentes”.