Publicações
Feiras Francas Anuais
As Feiras Francas Anuais foram instituídas também na mesma sessão da Câmara Municipal e tinham lugar nos dias 19 de Março e nos dias 14 e 15 de Agosto de cada ano.
A realização o mercado mensal e das duas feiras francas tinham lugar em várias praças e ruas da Vila de Manteigas.
Na acta da sessão acima referida constam os lugares de venda e os respetivos artigos e produtos que a seguir se transcreve: “..que o largo da Praça sirva para uso dos tendeiros, quinquilheiros, ourives, latoeiros chapeleiros e calçado e mais artigos equivalentes; que o largo de São Pedro sirva para as vendas de bois e cavalgaduras; que o largo da Batalha sirva para a venda de aves e peixe; que o Largo da Liberdade para hortaliças, frutas, batatas, castanhas, cereais e legumes; o Largo D. João de Castro para louças e cestos; a parte colectada de traz da Igreja de Santa Maria até à fonte do picão para gado suíno; o de S. Marcos para gado caprino e lanígero; o Largo da Restauração para madeiras e telha; a entrada em frente da Igreja de Santa Maria botiquineiras e jogos lícitos e da rua que atravessa a mesma estrada até ao ribeiro da vila para lenhas e carvão…”
Nesta matéria é de referir também a venda ambulante, prática muito comum em Manteigas. A este tipo de venda ficou ligada uma figura típica, que, pese embora não fosse natural de Manteigas, era acarinhada e estimada por todos e com a qual esta terra ficou eternamente relacionada, a D. Clotilde dos Requeijões.
Feriado Municipal – 4 de Março
O Feriado Municipal foi aprovado em sessão da Câmara Municipal no dia 17 de Novembro de 1977 e ratificado pela Assembleia Municipal em 30 de Novembro do mesmo ano.
A escolha deste dia como feriado municipal está associado à atribuição do Foral por D. Manuel I em 4 de Março de 1514. Neste foral D. Manuel I vem confirmar os privilégios e tributos concedidos a esta Vila por D. Sancho I em 1188.
Férias Desportivas de Natal 2014
Foi assim recentemente em mais uma edição das «Férias Desportivas – Natal 2014». Foram tardes repletas de atividades desportivas no pavilhão gimnodesportivo do Concelho. Cerca de 29 crianças tiveram a oportunidade de praticar diversas modalidades, como o basquetebol, voleibol, andebol, futsal, jogos de estafeta, circuito, ginástica rítmica, solo e aparelhos.
Todas as atividades foram lecionadas e vigiadas por um técnico superior de desporto do Município que acompanhou de perto todas as brincadeiras e apoiou os mais novos na aprendizagem de novos desportos, proporcionando-lhes um maior enriquecimento desportivo.
O próximo programa das «Férias Desportivas» do Município realiza-se na Páscoa, coincidindo com as respetivas férias escolares.
Fiz das pernas coração
Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para o º, 4.º de escolaridade
“Fiz das pernas coração: contos tradicionais portugueses é uma seleção de contos de José António Gomes para crianças que provêm da tradição oral portuguesa, muito embora, em outras versões”
Fonte Paulo Luís Martins – Fornecimento de água
Fonte Paulo Luís Martins – Fornecimento de água
Corre termos no 1.º Juízo do Tribunal Judicial da Guarda, novo processo de insolvência nos termos do qual a empresa Da Nascente, Águas de Mesa de Manteigas foi declarada insolvente. No âmbito deste processo, foi nomeado como Administrador de Insolvência, o Sr. Dr. Ângelo Pereira Dias, que remeteu ao Município de Manteigas – enquanto credor daquela empresa – o ofício que agora se divulga.

Foral Manuelino
Código de Referência: PT/AMM/MM/Foral Manuelino
Entidade Detentora: Município de Manteigas
Título: Foral Manuelino
Datas: 1514-março-04
Nível de descrição: Documento simples
Dimensão e suporte: 1 Lv (300x200mm) com 16 fl. de perg.+capa de carneira
Assistiu-se desde finais do século XI ao povoamento de recônditos lugares por todo o país. Exemplo marcante foi o distrito da Guarda, um dos preferidos dos nossos primeiros reis.
A atribuição de uma Carta de Foral constituía, pois, uma medida que visava incentivar o povoamento em terras de difícil acesso e desenvolver culturas pouco rentáveis.
Tendo como principal inimigo o muçulmano e com o perigo eminente de incursões oriundas de Badajoz e Cárceres, D. Sancho I procede a uma profunda reorganização do território de forma a consolidar o que tinha sido conquistado, uma preocupação em povoar zonas fronteiriças de forma a consolidar a defesa.
Além disso era extremamente importante adequar leis às populações que regessem as suas atividades, os seus costumes e que focassem questões relacionadas com a sua proteção e fiscalidade.
É neste espírito que D. Sancho I concede forais a Gouveia (fevereiro de 1186), Covilhã (setembro 1186), Folgosinho (outubro 1187), Centocellas, atual concelho de Belmonte (1194) e Guarda (1199). De onde se conclui que a ação do monarca sobre os concelhos confinantes com Manteigas se desenrolou fundamentalmente entre os anos 1186 e 1188. Sendo assim, ainda que se desconheça a data exata da concessão do foral de D. Sancho I, não andaremos longe da verdade se a colocarmos entre estes anos.
Não pode é colocar-se em dúvida a concessão do foral por D. Sancho I. O seu “desaparecimento” está relacionado com uma Carta Régia datada de 15 de dezembro de 1481, que determinou a remessa à Corte de todos os forais, a fim de se proceder à respetiva reforma, sob pena de perderem validade. Tal revisão ainda se encontrava por fazer quando D. Manuel I subiu ao trono – situação que levou os munícipes a solicitarem novamente essa revisão, agora nas cortes de Montemor-o Novo de 1495. Nessa altura, o rei impôs, em 1497, o envio à Corte dos forais que ainda não tinham sido entregues, nomeando para tal uma Comissão. A reforma só ficou concluída em 1520, surgindo assim, os forais novos ou manuelinos, por contraposição aos forais velhos.
Ora, se desconhecemos o foral, também desconhecemos os limites do concelho na Idade Média. No entanto, se analisarmos os limites definidos nos forais dos concelhos vizinhos podemos presumir os limites do concelho de Manteigas na época. Feita essa análise é legítimo afirmar que o território do atual concelho não pertencia a nenhum dos concelhos vizinhos e, portanto, o concelho já estaria constituído quando lhes foram concedidos os respetivos forais.
Relativamente às determinações do foral de D. Sancho I, elas seriam muito semelhantes às amplas regalias concedidas aos concelhos vizinhos pois o objetivo do monarca era bem claro para esta zona de condições climatéricas adversas quer ao homem quer à prática da agricultura: atrair povoadores para as regiões despovoadas como seria a da Serra da Estrela.
O único privilégio de que se tem a certeza e que vem exarado no foral antigo era o de os moradores poderem usar os maninhos do concelho sem pagarem qualquer imposto. Cite-se: que quanto lhe foi assim dado por privilégio pelos senhorios passados.
Outra disposição do antigo foral dizia respeito ao imposto denominado colheita ou jantar, que era pago uma vez por ano, quando o rei ou senhorio se deslocavam à vila. A importância deste imposto era de tal ordem que mesmo os clérigos eram obrigados a contribuir com ele. Era uma medida uniformizada em todo o país. Era um imposto pago em géneros, mas em Manteigas parece ter sido sempre em dinheiro.
Através das Inquirições de D. Afonso III, em 1258, é possível saber que impostos em géneros é que eram pagos pelos habitantes de Manteigas: pagavam impostos em vinho, cevada, uma vaca, porcos, carneiros, cabritos, ovos, manteiga, mel, sal, farinha, vinagre, lenha, alhos e cebolas. Seriam estes os produtos que se cultivavam na terra e os animais que se criavam e que serviam de base à cobrança dos impostos que os habitantes eram obrigados a pagar – impostos muito gravosos se pensarmos que no século XVI, quando é concedido o foral manuelino a Manteigas, os cinquo puçaaes de vinho equivaliam a vinte e cinco almudes, ou seja, seiscentos e vinte e cinco litros, numa zona sem as mínimas condições para o cultivo da vinha, como ainda hoje acontece. Todavia, no foral manuelino, estas disposições desapareceram. Estes impostos em géneros teriam sido substituídos por um imposto único em dinheiro no tempo de D. Dinis.
O concelho era também obrigado a pagar um alqueire de manteiga. Provavelmente seria manteiga verdadeira e não banha de porco, dada a importância da pastorícia no concelho – o que leva João L. Inês Vaz a questionar sobre se não seria da abundante produção desse produto que derivaria o nome da vila. O emprego do plural no topónimo Manteigas deve-se, segundo José David Lucas Batista, ao facto de Manteigas ter sido formada inicialmente por núcleos separados que com o passar do tempo se foram ligando. Seriam esses núcleos o Eiró, Fundo de Vila e a zona de S. Pedro.
No que diz respeito ao foral manuelino, e sendo a estrutura dos forais manuelinos comum a todos eles, começa com referências aos antigos impostos, fazendo-se a sua atualização, seguem-se as determinações comuns a todo o país, surgindo a fórmula final que contém o lugar e a data da concessão do foral e o subscritor, Fernão Pina para quase todos eles.
O Livro do foral manuelino é constituído por dezasseis fólios de pergaminho, encadernado numa capa de carneira a encobrir finas tábuas de madeira (30X20cm). A carneira é decorada com um entrançado gravado e disposto em forma de retângulo cortado por diagonais que formam por sua vez bonitos losangos. Há ainda cinco pregos de cobre nos cantos do retângulo e no centro, ponto de encontro de todas as linhas. Teve duas fechaduras que se encontram partidas. Presume-se que a encadernação date de 1798 pois numa das notas da correção então efetuada diz-se que deve a Câmara fazer encadernar este foral para evitar o seu descaminho e também fazê-lo copiar para a inteligência do mesmo e conservação dos direitos da vila.
Freguesia de Sameiro
Freguesia de Santa Maria
“…Onde cai a branca neve onde brota a água fria….”
Existe documentação que permite afirmar que no início da vila de Manteigas esta seria apenas constituída pela freguesia de Santa Maria e que teria começo na primeira metade do século XIV.
O seu diversificado património vai desde o natural ao edificado, o património natural invade toda a freguesia desde a majestosa paisagem de montanha, nos meses de inverno com seus comes pintados com o branco da neve, na primavera e verão aos verdes dos pinheiros, os cinzentos dos fragões os amarelos das cearas de centeio e no outono os vermelhos das Faias e Castanheiros, aos ribeiros e rios Zêzere e Mondego com suas águas cristalinas que correm em leito umbilical.
O património edificado mais relevante é patenteado na Igreja Matriz, nas oito Capelas, na Igreja da Misericórdia e na Casa das Obras. A primeira referência à Igreja Matriz de Santa Maria, surge em documento oficial de 1388, o que pressupõe que a sua edificação teria ocorrido em anos anteriores. Abarca um património valioso, com destaque para o magnífico altar-mor em talha dourada e a imagem do Senhor do Esquife. O património religioso da freguesia é ainda enriquecido pelas oito capelas: Capela do Senhor do Calvário; Capela de São Lourenço; Capela de São Gabriel; Capela de Santa Luzia; Capela da Nossa Senhora da Estrela; Capela da Nossa Senhora de Fátima; Capela de Nossa Senhora do Carmo; Capela de Nossa Senhora da Saúde.
A Igreja da Misericórdia, é a mais antiga da vila de Manteigas construída entre 1685 e 1688, era outrora a capela de são João Baptista1260, quando a vila era só um núcleo. Situa-se no centro histórico da vila de Manteigas. O seu interior impressiona pelos seus blocos dos altares e do púlpito, o bloco do altar principal é o maior e como os outros é de talha marcadamente barroca, as colunas do altar-mor são salomónicas. O seu púlpito barroco é de madeira e a pia batismal é uma peça única de granito.
A Casa das Obras é uma robusta construção de tipo solarengo, encimada por brasão a conferir título de nobreza. No interior existem ainda algumas peças de mobiliário de qualidade, nomeadamente sete quadros a óleo dos séculos XVIII e XIX que retratam algumas das mais iminentes figuras da família. Construída, na segunda metade do Século XVIII pelo capitão – mor, mais tarde desembargador João Teodoro Saraiva Fragoso de Vasconcelos Cardoso, a Casa das Obras impõe-se pelas suas dimensões. O nome de Casa das Obras está por certo relacionado com a expectável e delonga construção que deve ter durado, pelo menos, de 1770 ao primeiro quartel do Século XIX.